sexta-feira, 14 de julho de 2017

É pecado fazer juramentos?

Você pergunta: Em Mateus 5:33-37 Jesus nos ensina a não jurar. Isso me deixou um pouco confuso, pois temos várias menções na Bíblia de servos de Deus fazendo juramentos. Inclusive, o próprio Jesus se submeteu a juramento diante do Sumo Sacerdote, quando ele o interrogou em Mateus 26:63. Minha pergunta é: É pecado fazer juramentos? Como entender essa fala de Jesus?



Caro leitor, muito interessantes as suas observações. Gostaria de pontuar algumas questões sobre esse tema, a fim de melhorarmos o nosso entendimento a respeito da mensagem que Jesus quis comunicar ali aos Seus discípulos no Sermão do Monte.

A Bíblia proíbe de fazer juramentos?

(1) Geralmente quem faz algum juramento o faz buscando dar mais peso às suas palavras, fazendo com que se acredite nelas por meio desse apelo por algo superior, sagrado. Geralmente as pessoas juram usando Deus, o céu, pessoas importantes, a vida. É muito comum algumas pessoas dizerem: “Eu juro pela minha mãe”, ou, “Eu juro por Deus”. Na época de Jesus já se usava juramentos desse tipo, era muito comum, até mais do que hoje, já que até mesmo alguns negócios eram fechados na base do juramento. Por exemplo, José do Egito fez o povo jurar que depois de sua morte seus ossos fossem levados à terra prometida (Gênesis 50:25). E o juramento tinha tanto peso que, mesmo mais de 400 anos depois, esses ossos foram transportados até chegar lá (Êxodo 13:19; Josué 24:32). Ou seja, o juramento era algo muito comum na cultura judaica.

(2) Jesus não parece estar proibindo todo tipo de juramento. Como mencionado, o próprio Jesus esteve sob juramento em seu depoimento ao sumo sacerdote (Mateus 26:63). O próprio Paulo usa esse expediente em Romanos 1:9, onde toma Deus como testemunha de seus esforços de oração pelos crentes. E, por fim, até o próprio Deus usou de juramento para mostrar a seriedade de Suas promessas (Hebreus 6:17). Logo, não me parece que todo tipo de juramento esteja sendo proibido por Jesus ou que haja pecado em todo tipo de juramento.

(3) A leitura do contexto parece nos indicar que Jesus condenou um tipo de juramento usado pelas pessoas para serem mais confiáveis. Ou seja, sem o juramento, a palavra da pessoa não tinha valor. Isso indica pessoas que usavam da mentira, da injustiça e de outros pecados em sua vida cotidiana, mas, quando precisavam que alguém confiassem nelas para algum fim específico, precisavam usar a força de algum juramento por Deus, por Jerusalém, por sua própria vida para que fossem levadas a sério. Ou seja, eram hipócritas. Jesus condena esse tipo específico de juramento. Jesus condena a atitude daqueles que precisavam jurar para serem confiáveis ou que manipulam os juramentos para serem favorecidos de alguma forma. Sem estarem sob juramento não eram corretos e justos. Isso não convém ao servo de Deus.


(4) Dessa forma, o ensino de Jesus aos seus discípulos é que fossem justos e íntegros em suas palavras e ações, de maneira que o juramento não fosse sequer necessário, pois o seu sim ou o seu não seria suficiente devido a justiça presente em suas vidas: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” (Mateus 5:37). Evidentemente que em alguns casos é possível fazermos votos e juramentos sérios. Jesus não proibiu esse tipo de juramento como vimos no ponto dois. Mas é preciso ter muito cuidado para não cair no erro de estar querendo manipular situações através de juramentos. Todo cuidado é pouco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

;